Reginaldo Lopes: a importância da família numa trajetória profissional de sucesso Mauro Assi segunda, 15 de agosto, 2022 Atual diretor presidente da Diretoria Executiva da Fundação Padre Albino, Reginaldo Donizeti Lopes, casado com Karina, pai do Matheus e da Júlia e ciclista por aventura, foi o convidado da quarta edição do Mentoring UNIFIPA Catanduva neste mês de agosto. Contador, Reginaldo é pós-graduado em Gestão Empresarial na BI FGV, com extensão no programa de desenvolvimento de empreendedores, executivos e acionistas no Babson Executive Education College, Boston/USA. Possui sólida experiência em gestão administrativa e financeira em empresas nacionais e multinacionais dos segmentos industrial e de serviços. Atuou nas áreas financeira, contábil, de custos, auditoria, planejamento, fiscal, tesouraria, gestão de recursos humanos e implantação de controles internos. Hábil em negociações com bancos, clientes, fornecedores e atendimento a auditorias internas e externas, Reginaldo também possui experiência na implementação de ferramentas de gestão em diferentes unidades de negócio, em fusões e cisões de empresas e suporte à operação na América Latina, tendo trabalhado e morado na Argentina. Caçula de nove irmãos e o único a cursar ensino superior, com apoio de sua família conseguiu concluir os estudos. “Foi através do esforço de todos, inclusive de minha irmã, que pediu ajuda para seu patrão e ele pagou parte dos meus estudos, que consegui concluir o Técnico em Contabilidade”, contou Reginaldo. Na adolescência trabalhou em vários lugares, mas foi na Mineração Jundu, em 1987, que conquistou seu primeiro emprego em escritório, aos 17 anos. Depois, indo de carona até São Carlos, cursou a faculdade de Ciências Contábeis, onde descobriu que a KPMG, uma das maiores empresas de auditoria do mundo, recrutava trainees anualmente. “Foram três anos de tentativas para que eu fosse contratado. Foi um sonho realizado - saindo de Descalvado para uma das big four de auditoria do mundo, aos 22 anos, em 1991. Persisti muito e a partir do segundo ano passei de trainee para analista de auditoria, assumindo a liderança de equipes”. Da KPMG foi contratado, em 1997, pela alemã Fresenius, que adquiriu empresa na Argentina e Reginaldo foi nomeado para o cargo de Diretor Estatutário, ou seja, representante legal em Buenos Aires, de 2001 a 2004, aos 32 anos. “O país passava por crise política, mas mesmo assim me mantive firme e conseguimos fazer a implantação, no primeiro mês, do sistema de reporting para a matriz na Alemanha”, disse. Nesse período respondia também pela área financeira da filial chilena e teve a oportunidade de passar por vários países, como Alemanha, França, Suécia e Holanda. “Minha atitude nos primeiros meses foi de escutar muito para me nutrir da inteligência da organização”, ressaltou. Após dois anos e meio e com as operações e processos estabilizados, Reginaldo retornou ao Brasil no cargo de diretor geral de filial da Fresenius no Rio de Janeiro. “Em todas essas mudanças fui acompanhado pela família; porém, no Rio, por questões de segurança, pela primeira vez tivemos que nos separar. Minha família voltou para o interior de São Paulo e fiquei viajando aos finais de semana. Após um tempo e em razão dessa separação, entrei em acordo para rescisão do contrato com a Fresenius, que disponibilizou uma empresa de outplacement para me recolocar no interior de São Paulo, de preferência no setor automotivo, minha opção”. Entre 2006 e 2012 Reginaldo desenvolveu carreira no setor automotivo, na Kongsberg e TRW (atual ZF), conseguindo aprimorar seu inglês (atualmente é fluente em três idiomas). Essa mudança fez com que pudesse ter oportunidade de fazer integração na matriz, na Noruega. Em 2013, Reginaldo chegou à Fundação Padre Albino e implantou o Centro de Serviços Compartilhados (CSC), o processo de revisão do planejamento estratégico e orçamento anual, segregação da atividade de operação de planos de saúde do PAS, com a criação de uma nova entidade legal, e atuou na revisão do Estatuto Social. Em 2020, com a profissionalização, se tornou diretor presidente da Diretoria Executiva. Reginaldo disse considerar a Fundação Padre Albino uma instituição bastante peculiar. “Por diversas vezes pesquisamos o mercado em busca de uma empresa com as mesmas características, com intuito de trocar experiências; porém nunca encontramos”, explicou. Para ele, além de se tratar de instituição de grande porte, com mais de 2.500 funcionários, possui atuação nas três áreas da filantropia - saúde, educação e assistência social, com preponderância da saúde. Com relação à saúde, Reginaldo disse que o maior cliente da Fundação é o Estado (SUS), com mais de 80% dos atendimentos nos hospitais, o qual não reajusta a tabela de procedimentos há mais de 15 anos, aumentando ainda mais as dificuldades financeiras. “O déficit acumulado nos hospitais da Fundação nos últimos onze anos passa dos R$ 98 milhões, rombo que é coberto com recursos próprios gerados em outras atividades. A busca pela sustentabilidade financeira é um grande desafio. A cada ano partimos de uma base negativa em nossa planilha orçamentária, uma vez que as despesas com pessoal e materiais são reajustadas anualmente e as receitas, principalmente as do SUS, permanecem congeladas”, revelou. Ainda na área da saúde, Reginaldo citou o estudo denominado ‘Design do Futuro’, que abrange a ampliação das estruturas hospitalares e a melhoria dos processos assistenciais. Os investimentos incluem a construção de um novo Pronto Atendimento no Hospital Padre Albino, novo prédio no Hospital Emílio Carlos para alocar os serviços de Hemodiálise, Logística e 10 leitos de UTI para convênios. “Após a conclusão desses investimentos iremos melhorar a proporção dos serviços prestados para o SUS e para convênios/particulares. Vale lembrar que os recursos advindos dos serviços prestados para convênios/particulares são alocados na própria operação hospitalar, ajudando a diminuir o déficit do SUS em busca da sustentabilidade”, lembrou. Reginaldo finaliza ressaltando que toda sua trajetória profissional teve o apoio incondicional de sua família, disse da importância da cultura organizacional e pontuou a necessidade dos colaboradores da Fundação estarem alinhados aos valores da instituição. Aos alunos presentes recomendou: “Sejam gentis com todos que encontrarem pelo caminho. Hoje você sobe, amanhã você desce, mas não desista”. Ao final da apresentação foi aplaudido de pé.