Pesquisa identifica os “fantasmas” da mortalidade empresarial Mauro Assi quarta, 13 de fevereiro, 2019 A importância das micro e pequenas empresas (MPE) na economia de Catanduva e região é notória pela geração de riquezas e empregos, mas a mortalidade empresarial assusta. Nos últimos anos, importantes políticas de incentivo aos pequenos negócios fortaleceram o empreendedorismo no Brasil. Entretanto, parte dos empreendimentos acaba não prosperando devido a fatores de gerenciamento financeiro interno e externo da macroeconomia nacional, como crises financeiras. Neste cenário de incertezas, o curso de Administração do Centro Universitário Padre Albino/UNIFIPA desenvolveu pesquisa para identificar e discutir os principais fatores, no âmbito da gestão de capital de giro, que prejudicam a continuidade das atividades das MPEs comerciais. O Prof. André Luiz Franco, responsável pela pesquisa, ressalta que nos últimos anos, importantes políticas de incentivo aos pequenos negócios fortaleceram o empreendedorismo no Brasil. “A lei geral das micro e pequenas empresas e a criação do MEI – Micro Empreendedor Individual são exemplos desses incentivos; porém quando comparamos com outros países desenvolvidos, notamos que as empresas brasileiras sofrem muito com a burocracia, carga tributária e taxas de juros elevadas”. Segundo o último levantamento do SEBRAE, em 2014 existiam cerca de 8,9 milhões de micro e pequenas empresas no Brasil, representando aproximadamente 99% do total das empresas brasileiras, gerando 52% dos empregos formais e responsáveis por 27% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Em Catanduva, de 2000 a 2004, a taxa de crescimento desse tipo de empresa foi de 35%, sendo a segunda cidade do Estado de São Paulo a alçar esse feito no ranking elaborado pelo Observatório das MPEs - SEBRAE-SP. Em 2006 houve o fortalecimento das MPEs, através da Lei complementar 123, com a consolidação em 2009 através da regulamentação da modalidade do Microempreendedor Individual (MEI) e a ampliação dos limites de faturamento do sistema de tributação do Simples Nacional. No entanto, os índices de insucesso e mortalidade para essas empresas são muito elevados e têm como um dos principais causadores a dificuldade no gerenciamento do capital. “O capital de giro é o ativo circulante da empresa para financiar suas atividades operacionais, ou seja, são os recursos financeiros que se encontram em caixa, valores em contas bancárias, aplicações de curto prazo, estoque e valores a receber”, esclarece Prof. André. De acordo com o coordenador da pesquisa, a mortalidade empresarial nessa categoria de empresa apresenta níveis muito elevados. “Dados do SEBRAE (2013) mostram que em São Paulo, 23,70% das empresas encerram suas atividades antes de completarem dois anos da sua constituição e um dos principais fatores que interferem e prejudicam a gestão dos pequenos negócios, levando muitas vezes a mortalidade empresarial precoce, é a dificuldade na gestão de capital de giro”, explica. O estudo identificou nove fatores principais que dificultam a gestão de capital de giro das MPE, que são dificuldades no acesso ao financiamento junto a instituições financeiras; taxas de juros elevadas; insuficiência de garantias para acesso a crédito; inadimplência; falta de capacitação na gestão; deficiência na gestão de cadastro, crédito e cobrança; insuficiência de capital próprio; dificuldade em negociações junto a fornecedores por falta de poder de compra e falta de sistemas informatizados e informações necessárias na tomada de decisão. “O conhecimento desses fatores, que prejudicam a gestão de capital de giro das MPE, tem como contribuição subsidiar as ações da comunidade empresarial e consequentemente melhorar as práticas de gestão dos recursos financeiros no curto prazo. Portanto, o estudo torna-se fundamental para contribuir com o entendimento dos fatores que tanto interferem na continuidade dos pequenos negócios não só para evitar a falência empresarial, mas também para melhorar os resultados dos pequenos negócios em suas operações”, finaliza a pesquisa. A pesquisa foi desenvolvida pelos graduandos Elder Ricardi Matheus, Carolina Dotto Gussi, Jéssica Caroline Z. Possetti, Lucas Martins da C. Ferreira, Matheus Felippe Gualhardi, Meniten A. Cordova Biazzi, Michelle Christina de Souza Neves, Paola Dias Gabriel, Ricardo Papini T. Júnior, Thiago Massahuro Tanaka e Vinicius Romano.