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O setor de transportes como mensageiro da situação da Economia
Juliano Spósito
terça, 26 de março, 2019

     O Centro Universitário Padre Albino/UNIFIPA, através do curso de Administração, desenvolveu estudo sobre os impactos da crise econômica nos indicadores financeiros de empresas de transporte do Brasil. O setor, ao longo dos últimos anos, tem sofrido grandes impactos e perdas. O baixo desempenho da economia brasileira, seguido da aceleração da inflação e a elevação da taxa de juros, impactaram negativamente, resultando na paralisação nacional da classe no ano passado.

    Considerado um ramo de atividade que mantém conexão direta com os demais setores no país, os transportes podem ser considerados como termômetro da atividade econômica, devido à sua correlação entre produção e escoamento de mercadorias e riqueza. Com o desaquecimento da economia brasileira, o volume de negócios neste setor sofre diretamente os impactos, antecipando e indicando, assim, problemas futuros, como crises financeiras e econômicas.

     Com base nesses indicativos, o Prof. Marcos Venicio Braz de Assis, docente do curso de Administração, e os alunos Bruno Gabriel de Lima, Claudimir Lino Faria, Ingridy R. C. Freitas, Karolayne Wendel Sotana, Leandro Miller, Pedro Henrique S. Isidoro e Suelem Simões P. Quierati desenvolveram métodos e pesquisas de interpretação e pré-diagnóstico em anomalias e crises, mediante aos dados e avisos que o setor emite sobre a macroeconomia.

    Segundo os pesquisadores, a primeira etapa do estudo analisou múltiplos casos de empresas do segmento de transporte do Brasil, abrangendo todos os modais adotados atualmente no país – rodoviário (o mais conhecido e utilizado em toda a extensão do território nacional), aéreo, ferroviário, aquaviário e dutoviário. “Nesta fase foram aplicados cálculos específicos da ciência contábil, que permitiram apurar os indicadores financeiros dessas empresas, e por meio dos resultados, aprofundamos sobre o impacto gerado pela crise econômica”, explicam.

    As análises foram compostas por um conjunto de técnicas de cálculos que possibilita, a partir dos demonstrativos contábeis como Demonstrativo de Resultado do Exercício e Balanço Patrimonial, “mensurar” os resultados obtidos pelas empresas dos mais diversos segmentos. Esta investigação considerada de grande importância no processo decisório de uma organização permite entender os resultados atingidos no âmbito econômico e financeiro e, assim, compreender os “avisos e alertas emitidos”.

    Os pesquisadores identificaram que os resultados financeiros das empresas objeto do estudo são o principal indicador de análise de viabilidade econômica de investimentos, permitindo de maneira objetiva medir a capacidade de retorno da economia. “No presente trabalho foram contemplados, nesta análise, três indicadores de rentabilidade - Retorno Sobre o Ativo (ROA), Retorno Sobre Investimento (ROI) e o Retorno Sobre Capital Próprio (ROE). Desta forma, ao observarmos os resultados obtidos por meio destes indicadores nota-se a considerável dificuldade enfrentada pelas empresas pesquisadas e que representam todos os modais ativos no país”, informa o Prof. Marcos Venício.

    O ROA é uma ferramenta que transmite a noção do quanto a empresa consegue fazer aquilo que ela possui, permitindo comparações entre empresas do mesmo setor na eficiência no uso do capital. Já o ROI, sigla em inglês para Return on Investment/Retorno sobre Investimento, é a relação entre o dinheiro ganho ou perdido através de um investimento e o montante de dinheiro investido. Este é um termo muito usado em publicidade online. Por fim, o ROE é indicativo utilizado por acionistas nas análises fundamentalistas e por empreendedores para acompanhar o desenvolvimento da empresa, ou seja, quanto maior o percentual, melhor a rentabilidade dos seus recursos aplicados.

     De acordo com os dados da pesquisa, o modal aeroviário foi o que mais sofreu dificuldades, atingido um valor médio de ROA, ROI e ROE de -10%, -5% e -76%, respectivamente. O resultado para o modal rodoviário foi de 2%, 3% e 6% para os índices ROA, ROI e ROE. Para o modal ferroviário, o resultado foi de -2%, -4% e -15%. Por último, o modal aquaviário atingiu um valor médio de 0%, 1% e -32% para os índices.

     Os números observados mostram que o modal aeroviário, que mais sofreu dificuldades econômica e financeira, analisado sob a ótica da rentabilidade, teve seu patrimônio líquido totalmente comprometido. A capacidade de liquidez geral dessas empresas em saldar suas obrigações no curto e longo prazos atingiu baixo desempenho, com uma média de 0,44, significando que para cada $1 de obrigações no curto e logo prazos, elas teriam apenas $0,44 para cumprir suas obrigações totais.

    “Conclui-se que ao analisarem-se os resultados obtidos que a crise realmente atingiu o setor de transporte, comprometendo seus resultados econômicos e financeiros, o que permite entender também este impacto nos demais segmentos de empresas, considerando que o setor de transporte, como já contextualizado neste trabalho, possui conexão direta com os demais segmentos”, finaliza o Prof. Marcos Venicio Braz de Assis.

    O resultado da pesquisa, transformado em artigo científico, foi apresentado em diversos eventos acadêmicos, como no Congresso Nacional de Iniciação Científica/CONIC, do SEMESP, e no Congresso de Iniciação Científica/CIC da UNIFIPA. Neste último congresso, o trabalho atingiu a nota máxima, sendo premiado em primeiro lugar na categoria “Apresentação Oral”.